Micronutrientes: interações e disponibilidade no solo

Publicado em 06/10/2023

A nutrição mineral de plantas é uma ciência que se baseia no estudo dos elementos químicos necessários ao crescimento e desenvolvimento das plantas, bem como as características,  funções e necessidades desses elementos. Todos esses elementos passam a ser tratados como nutrientes, visto os papéis que desempenham, e podem ser divididos de acordo com a quantidade demandada pelas culturas, em macro e micronutrientes. Os macronutrientes são requeridos em maiores quantidades, sendo essa expressa em kg/ha, enquanto os micronutrientes são requeridos em menores quantidades, expressa em g/ha.

É importante ressaltar que, independentemente das quantidades requeridas, cada nutriente possui um papel na fisiologia da planta, sendo que o excesso de um não suprirá a carência de outro, fato este estabelecido por Sprengel e Liebig, via Lei do Mínimo.

Visando ter um melhor entendimento da questão de interação e disponibilidade, faz-se necessário uma análise de comportamento dos micronutrientes no sistema solo-planta, levando-se em consideração alguns fatores: o material de origem, a textura e a química dos solos; o grau de aeração dos solos; práticas agronômicas e conservacionistas, tais como a calagem, a adubação e o sistema de plantio direto; a genética e o melhoramento genético das plantas; o desbalanço promovido por interações com o solo e por altas extrações devido ao aumento da produtividade das culturas.

As características físicas e químicas do solo, também são fatores limitantes quanto à disponibilidade de micronutrientes. Solos arenosos, com baixas quantidades de cargas negativas, e solos com baixos teores de matéria orgânica do solo (MOS), apresentam baixos teores de micronutrientes.

Observando-se mais detalhadamente o sistema solo-planta, devemos nos atentar para a planta e o seu melhoramento genético, ressaltando-se que a absorção de nutrientes não é ponto crucial dos programas de melhoramento. Pode-se exemplificar com isso o caso da soja transgênica Roundap Ready, que por sua natureza é menos eficiente na absorção do Mn do solo, e ainda pode-se citar a ação da molécula de Glifosato sobre as populações microrganismos redutores de Mn, diminuindo a eficiência da redução e, por consequência, a sua absorção. Sendo assim, quanto ao manejo da adubação com micronutrientes na cultura da soja transgênica RR, já se tornou obrigatório o fornecimento de Mn para a cultura, sendo muito utilizada e eficiente o seu fornecimento via aplicação foliar.

Uma correta e equilibrada oferta de micronutrientes no solo também é fator importante quanto à sua disponibilidade no solo, visto os comportamentos de interação dos nutrientes, sendo estes: o de (i) inibição; o de (ii) antagonismo e o de (iii) sinergismo. A inibição pode ser competitiva ou não, sendo que os nutrientes tendem a competir pelos mesmos canais e carregadores nas membranas das células da raiz, no caso da competitiva, ou quando a quantidade de determinado nutriente faz com que a planta prefira absorvê-lo em detrimento de outro. Esses casos de inibição podem ser observados em elementos de mesma valência, raio iônico (tamanho) e função semelhante, podendo citar como exemplo o excesso de Cu diminuindo a absorção de Fe, e o excesso de Mn também diminuindo a absorção de Fe. O antagonismo é observado quando a presença de um inibe a absorção de outro, como por exemplo, excesso de B diminuindo o teor de cálcio ou o reduzindo os teores de Mn na folha. Já o sinergismo ocorre quando um nutriente facilita a absorção de outro, comum com o Cl, por exemplo, ou com o enxofre (S), aumentando os teores de Fe e Mn, porém diminuindo o de Mo.

As altas produtividades observadas atualmente requerem ajustes finos na disponibilidade e recomendação de micronutrientes, sendo que nessas situações maiores quantidades são requeridas para sustentar toda essa produtividade. Sendo assim, deve-se atentar para a Lei do Mínimo, em que um equilibrado fornecimento de nutrientes resulta num correto desenvolvimento das plantas. Ressalta-se aqui a citação do Prof. Bregagnoli, do Instituto Federal do Sul de Minas, de que para se garantir altas produtividades deve-se atentar para as recomendações de micronutrientes, que são realizadas com base nos boletins técnicos, na pesquisa e na experiência dos profissionais, diferindo “meninos de homens”, ou seja, nas recomendações de micronutrientes não se deve brincar ou descuidar.

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